sábado, 25 de agosto de 2007

Redação multimídia I

A redação multimídia do The Daily Telegraph é citada como modelo quando tratamos de inovação de jornais. Em aula, quando apresentei uma infografia da referida redação, para explicar de forma mais palpável as possibilidades das redações multimídias, um aluno comentou:

_ Será que dá para trabalhar dessa forma? Não acredito. A redação onde trabalho tem agora mais jornalistas e, confesso, estou com dificuldades de concentração.

Respondi que era uma questão de hábito, cultura... E, depois, me perguntei: Será que eu gostaria de trabalhar numa dessas redações? A resposta fica para qualquer outro dia. O mais importante é saber se você gostaria. Veja a infografia que encontrei no jornal impresso da Associação Nacional de Jornais - ANJ (agosto/2007) e no Innovations Newspapers. A infografia é de Pablo Ramirez.

Profissional multimídia e crítico


O jornalista deve ter perfil multimídia. A discussão não é nova, mas são poucos os cursos de jornalismo que realmente estão preocupados com a formação de um novo profissional. Um estudo da Rede Ibero-americana de Comunicação Social (REDE ICOD) aponta que “a rápida expansão dos meios digitais apanhou de surpresa as instituições onde se preparam os futuros comunicadores [...] Os cursos foram pensados para um tipo de profissional e de mercado em vias de extinção”. (REDE ICOD, 2006).

Responsáveis pela contratação de jornalistas em diversos meios de comunicação em Curitiba também têm reclamado da formação profissional nas escolas. Num trabalho que produzi em parceria com as professoras Ana Maria Melech, Elisangela Godoy e Mônica Kaseker para o Intercom deste ano, registramos alguns depoimentos. Para Rubens Vandressen (2007), chefe de operações da RPC, as universidades precisam formar profissionais mais completos para atender as exigências do mercado. Na opinião dele, num futuro breve, o jornalista deverá produzir e editar a sua própria matéria, por isso os cursos de comunicação necessitam ampliar a oferta de disciplinas ou atividades de extensão que contemplem mais horas de edição. Nas televisões locais, a figura do editor de imagens está desaparecendo. O editor de textos aceitou mais essa função, mas logo terá que ampliar as suas habilidades para permanecer no mercado.

No rádio, há muito tempo o jornalista assume diferentes funções. É pauteiro, produtor, repórter, editor, motorista etc. Diante de um quadro enxuto e poucos recursos econômicos, os jornalistas que atuam no rádio são obrigados a dominar essas funções. De certa forma, parecem estar mais preparados para as transformações que ocorrem nas redações de todos os meios de comunicação. Ainda assim os empregadores do radiojornalismo em Curitiba não estão satisfeitos com os recém-formados. A afirmação está na dissertação de mestrado de Luiz Witiuk, que traça um perfil do radiojornalismo praticado em Curitiba. A dissertação dele foi defendida ontem, tive o privilégio de fazer parte da banca assim constituída: Álvaro Larangeira -UTP (presidente), Eduardo Meditsch - UFSC (membro titular) e Claudia Quadros- UTP (membro titular). Em breve, a dissertação estará disponível na biblioteca digital do Mestrado em Comunicação e Linguagens.

Mas, afinal qual é o perfil do jornalista esperado por esses dirigentes? Além de possuir todas essas habilidades citadas anteriormente, eles querem mais espírito crítico e uma excelente bagagem cultural. Nesse sentido, a formação básica em Sociologia, Artes, Filosofia, Teorias do Jornalismo etc. são fundamentais no processo de aprendizado do futuro profissional. As disciplinas supostamente práticas também devem fazer o aluno a pensar. Não basta segurar um microfone, um gravador, uma câmera digital, um laptop - enfim ferramentas de um jornalista multimídia -, é necessário analisar os fatos. Aliás, diante de tanta revolução tecnológica, vale recordar que jornalista (do francês, journaliste) significa analista dos fatos do dia.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Livros de comunicação

A Universidade da Beira do Interior, em Covilhã, Portugal, tem desenvolvido muitos projetos de pesquisa na área de comunicação. Os resultados são publicados em forma de livros, que estão disponíveis on-line no Labcom.

Em 2007, vários livros já foram lançados. Entre eles, destaco a obra Jornalismo Digital de Terceira Geração. Organizado por Suzana Barbosa, que faz parte do GJOL, o livro reúne autores como Antonio Fidalgo, Marcos Palacios, Jim Hall e João Canavilhas.


Outro livro de 2007 é Campos da Comunicação, organizado por Antonio Fidalgo e Paulo Serra.O artigo que fiz com Itanel Quadros, professor da UFPR,faz parte do primeiro capítulo. O texto traz uma análise de desenho e conteúdo da versão digital do jornal Gazeta do Povo. Foi apresentado em 2004, no VI Lusocom.

Pesquisar Interatividade



Alex Primo, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, estuda a interação mediada por computador há bastante tempo. Com a sua tese de doutorado, defendida em 2003, conquistou o primeiro lugar do Prêmio Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.

No primeiro semestre de 2007, lançou o livro Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura e cognição pela editora Sulina. Você pode conferir aqui o sumário do livro e ler a apresentação feita por André Lemos.

O jovem professor produz bastante. Quando o seu nome é colocado na busca do Google Acadêmico há uma lista de muitos artigos elaborados por Alex Primo. Em 1998, ele já apresentava uma proposta de estudo no artigo Interação mútua e Interação Reativa. (PDF) Em 1999, trabalha com o conceito de interatividade (PDF)com Márcio Borges Fortes Cassol.

Voltaremos a destacar mais textos do professor Alex Primo no Expresso 2222. No dia 24 de agosto de 2007, ele estará na Universidade Tuiuti do Paraná. Vem participar de uma banca de mestrado da minha querida orientanda Josiany Vieira e prometeu conversar sobre interatividade com estudantes de comunicação, das 19 às 20 horas, no campus do Barigui. Em breve, indicarei a sala.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Roteiro de Viagem II

No Roteiro de Viagem I havia uma relação de pesquisadores brasileiros pioneiros no estudo do jornalismo digital. Hoje, destaco dois professores da referida lista: Marcos Palacios e Zelia Leal. Ambos são pós-doutores na área.


Marcos Palacios é professor da Universidade Federal da Bahia, lidera o grupo de Pesquisa GJOL e administra o blog Jornalismo e Internet. É responsável pela formação de diversos pesquisadores da área. O conjunto da obra de Palacios sobre jornalismo digital reúne reflexões sobre metodologia, ensino, tecnologia e narrativas. Aqui fica registrada a seguinte recomendação de leitura: Ruptura, Continuidade e Potencialização no Jornalismo On-line: o lugar da memória (PDF).

Zélia Leal é professora da UNB. Seus textos versam sobre as reconfigurações dos meios e o perfil do jornalista digital. Leia os textos Jornalismo On-line e Identidade Profissional(RTF) e Jornalismo On-line: em busca do tempo real(PDF)

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Roteiro de viagem I

Apresento um roteiro para quem pretende iniciar a viagem pelo jornalismo digital. Neste post, selecionei três textos que utilizo na disciplina de jornalismo digital.

QUADROS, Claudia.(2002)
Uma breve visão histórica do jornalismo on-line(PDF).
Este artigo, apresentado no XXV Intercom, no ano de 2002, em Salvador, trata da chegada dos jornais digitais no Brasil, Estados Unidos e Espanha.Também foi selecionado para integrar o livro Jornalismo do Século XXI: a Cidadania, organizado por Antonio Hohfeldt e Marialva Barbosa. Editado em 2002 pela Mercado Aberto de Porto Alegre, a obra traz capítulos de diversos pesquisadores brasileiros. Entre eles, Zélia Leal, da UNB. A professora fala sobre a instantaneidade da notícia e o seu impacto sobre o jornalismo.

MIELNICZUK, Luciana.(2003)
Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web. (Word)As reflexões da professora Luciana Mielniczuk, da UFSM, estão no livro Modelos de Jornalismo Digital. Organizado pelos professores Elias Machado e Marcos Palacios, a obra reúne as contribuições dos pesquisadores do GJOL, da Universidade Federal da Bahia.

QUADROS, Claudia. MIELNICZUK, Luciana. BARBOSA, Suzana. (2006)
Estudos sobre jornalismo digital no Brasil (PDF). O artigo foi apresentado no IV Encontro da SBPJOR, em Porto Alegre, de 5 a 7 de novembro de 2006. Está publicado no número 7, da revista E-Compós, 2 semestre de 2007. As autoras também falam do perfil das publicações realizadas sobre jornalismo digital no Brasil.

Aguardem. Logo enviarei outros textos. Aviso que a minha semana está atribulada. Tenho que entregar até sexta-feira 5 pareceres científicos, ler 3 dissertações de mestrado, avaliar trabalhos da pós-graduação, preparar aulas e editar um livro que parece não ter fim.

sábado, 4 de agosto de 2007

O Expresso 2222 voltou

O Expresso 2222 está de volta. Agora para discutir questões do jornalismo na Internet. A idéia é resgatar o passado, analisar o presente e tentar projetar um futuro para a área. O nome, como consta na descrição deste blog, é uma homenagem a minha primeira turma de jornalismo da UTP. Até hoje mantenho contato com alguns alunos dessa saudosa turma da sala 222, do bloco C, do Campus Barigui. Esta turma buscou inspiração na música Expresso 2222, de Gilberto Gil, para batizar um canal de comunicação criado para praticar a linguagem hipertextual nas minhas aulas de jornalismo on-line em meados do ano 2000. A canção, criada no início da década de 70, anuncia a viagem para o século XXI. Confira alguns trechos da música:

Dizem que tem muita gente de agora
Se adiantando, partindo pra lá
Pra 2001 e 2 e tempo afora
Até onde essa estrada do tempo vai dar
(...)
Segundo quem já andou no Expresso
Lá pelo ano 2000 fica a tal
Estação final do percurso-vida
(...)
Dizem que parece o bonde do morro
Do Corcovado daqui
Só que não se pega e entra e senta e anda
O trilho é feito um brilho que não tem fim

Aqui o trilho vai ser construído por todos aqueles que enviarem um post sobre o jornalismo digital. Prepare-se, então, para uma viagem no Expresso 2222.